Manobras, drogas e Deus – Eddie Elguera

O homem chamado de “o gato” por sua forma muito suave de andar de skate conta à repórter Elaine Yau como foi atingir seu ápice na adolescência, passar por um duro caminho até abraçar a religião e porque ele ainda continua andando de skate aos 52 anos.

48 HOURS: Quando você tinha 18 anos, você já tinha sido campeão mundial duas vezes. Você tem 52 anos agora. Você ainda anda de skate?

EDDIE ELGUERA: Sim, eu ainda ando de skate nos circuitos mundiais na divisão das lendas do skate, com skatistas como Tony Hawk. Lendas do skate são pessoas que são significantes para o mundo do skate. Quando Tony Hawk tinha 13 anos e era apenas um amador, ele disse que eu era o herói dele e que ele queria ser igual a mim, inventando manobras.

48 HOURS: Andar de skate demanda um bom condicionamento físico. Você está preparado para o desafio do condicionamento físico na sua idade?

Elguera: Na minha idade, com certeza meus joelhos doem às vezes e as minhas costas também, mas eu curto andar de skate e eu posso fazer isso por duas ou três horas em um dia, mesmo hoje. Eu ando de skate desde 1970 e isto é desgastante, mas depois de 45 anos andando de skate eu quebrei apenas um osso, e isso aconteceu este ano. Eu quebrei meu pulso em uma competição na Austrália.

48 HOURS: Você é especialista em skate vertical. Você inventou muitas manobras e tem uma manobra que leva seu nome. Qual é esta manobra?

ELGUERA: Quando eu comecei, nós andávamos de skate em piscinas vazias tratando-as como se fossem as pistas de skate que nós temos hoje em dia, que surgiram apenas no fim dos anos 70, no sul da Califórnia. Eu comecei a participar de competições muito cedo e me tornei campeão mundial em 1979 e em 1980. Eu inventei muitas manobras, uma delas é até chamada “the Elguerial”. Eu apenas usei a minha imaginação. Eu fiz uma manobra e então eu disse a mim mesmo que eu poderia adicionar algo a ela e que eu poderia fazê-la melhor ou maior ou diferente. Eu fiquei conhecido como o skatista mais inovador de todos os tempos.

48 HOURS: Você venceu o Campeonato mundial e depois abandonou o skate no início dos anos 80 e viciou-se em drogas e no álcool. Do topo como campeão mundial ao abismo das drogas e do álcool, por que houve uma queda tão rápida e profunda?

ELGUERA: No início dos anos 80 eu estava no topo. Não havia mais outro lugar para subir, então houve um tipo de vazio e eu pensei que se eu usasse drogas eu poderia preencher esse vazio, mas isso não funcionou. Chegou a um ponto em que eu me via na rua, sem saber por que eu estava lá. Eu perguntei a mim mesmo por que eu estava lá e eu disse a mim mesmo que eu não deveria estar lá e que eu era melhor do aquilo. Depois que eu me aposentei do skate, eu trabalhei em uma empresa de fast food e me deparei com uma mulher cristã e então a minha vida começou a mudar quando eu entreguei a minha vida ao Senhor. Em 1986, eu voltei a andar de skate. Eu precisava trabalhar meu retorno ao cenário das competições profissionais. Mas hoje em dia eu não preciso mais ser o melhor, eu só quero curtir o esporte e influenciar as vidas de outras pessoas.

Tradução: Fernanda Sobral/ @fernanda_sobral_silva
Fonte: www.scmp.com/magazines/48-hours